O
advogado e professor Armando Roberto Holanda Leite faz questão de dizer que “só
fez nascer” em Minas Gerais. Veio para o Rio Grande do Norte aos dois anos de
idade e construiu aqui toda sua vida, incluindo uma longa e prestigiosa
carreira jurídica. Aos 73 anos, o mais novo certificado de potiguar na coleção
do mineiro foi concedido pela Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL):
Armando é o novo imortal da instituição, ocupando a cadeira número de 16, que
pertenceu a outro advogado, Eider Furtado. Um título que para ele é símbolo de
identidade e amizade.
Armando
Holanda foi colega e grande amigo de seu antecessor na ANL, razão que o deixou
particularmente feliz pelo resultado. “Eider Furtado foi um amigo e também uma
referência. Tivemos carreiras bastante parecidas, chegamos a ocupar os mesmos
cargos. Fui professor de direito de dois filhos dele. Eu fiz questão de
concorrer a essa cadeira, sem demérito das outras, é claro. Ocupar a cadeira
dele tem um significado especial para mim”, afirma. Eider faleceu em novembro
do ano passado, deixando sua cadeira vaga desde então.
POTIGUAR
HONORÁRIO E ABECEDISTA
A
trajetória profissional de Armando Holanda é essencialmente ligada ao meio
jurídico. São 50 anos ininterruptos de advocacia. Foi graduado pela UFRN e
mestre em Direito Civil pela PUC (SP). Armando escreveu três livros para a área
jurídica. Ocupou cargos de Procurador da República, Procurador Regional
Eleitoral e Consultor-Geral do Rio Grande do Norte.
Ele foi
também Presidente do Conselho Seccional da OAB no estado, membro titular da
Condição de Anistia do RN, e é integrante da Academia de Letras Jurídicas do
RN.
O
advogado transmitiu seu conhecimento durante 19 anos como professor (hoje
aposentado) do curso de Direito da UFRN, assim como na UnP, e também na Escola
de Magistratura do RN. O engajamento no meio potiguar lhe rendeu títulos de
cidadão honorário de diversos municípios do estado, com destaque para os de
Mossoró, Natal, e Macaíba – que é a sua terra de coração no RN. “A minha vida,
a minha essência, o tudo da minha família é Macaíba. Eu sou de Macaíba!”,
afirmou.
Armando
também recebeu o título de cidadão potiguar pela Assembleia Legislativa. “E
claro, sou torcedor do ABC com muito orgulho! Isso é importantíssimo pra mim
enquanto potiguar”, brinca.
Apesar de
ter uma carreira essencialmente ligada ao Direito, Armando também chegou a se
conectar com alguns segmentos culturais do estado. Ele presta uma assessoria
jurídica informal ao Instituto Histórico e Geográfico do RN, tendo sido um dos
responsáveis pelo encaminhamento da reforma do prédio que esteve pendente
alguns anos atrás. Armando também teve uma breve passagem pelo Instituto do
Patrimônio Artístico e Histórico – Iphan – como superintendente local. Na
ocasião, ele debateu a volta da Fortaleza dos Reis Magos para a administração
do estado.
Armando
afirma que pretende ser para a ANL um sucessor à altura do velho amigo Eider
Furtado. “Sei que ele representou muito para a Academia, e apesar de achar que
não tenho a mesma densidade cultural dele, vou contribuir da melhor forma que
eu puder”, afirma ele, com modéstia. O presidente da ANL, Diógenes da Cunha
Lima, atesta que a eleição de Armando não foi uma surpresa, devido a conexão
que ele tinha com o antigo colega. “É um homem com longos serviços prestados ao
RN, de ótimo texto e grande inteligência. A academia sempre cresce com pessoas dessa
qualidade intelectual”, diz.
Após a
ocupação da cadeira 16 na ANL, estão vagos os espaços do jornalista Paulo
Macedo (cadeira 10); o advogado, jornalista e escritor Murilo Melo Filho
(cadeira 19), e o historiador e poeta João Wilson (cadeira 25). Armando Holanda
concorreu na ocasião com o dramaturgo Racine Santos e a escritora Naide
Gouveia.
FONTE – TRIBUNA DO NORTE
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